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Tecnologia como parte do coletivo
Maria
Elizabeth Bianconcini de Almeida, doutora em Educação e coordenadora do
programa de Gestão Escolar e Tecnologias, desenvolvido pela Pontifícia
Universidade Católica (PUC) de São Paulo, afirma que as escolas não
exploram todo o potencial que a tecnologia oferece. "É nesse contexto
que surge a importância da formação não só para o professor mas também
para os funcionários, para que a tecnologia não seja utilizada só em
sala de aula, mas faça parte do coletivo."
Na prática, a
especialista explica que é preciso que o educador atribua sentido aos
equipamentos em seu trabalho. É só a partir do momento em que
incorporamos as novas mídias que valorizamos seu uso (leia mais no
quadro abaixo). "Temos hoje boas bases informatizadas que foram criadas
pelas próprias Secretarias de Educação com o intuito de facilitar o
acompanhamento de dados escolares, como desempenho de alunos, índices de
aprovação e evasão. No entanto, de nada adianta o diretor alimentar
essas bases se, quando alguém solicita alguma informação, ele acha mais
fácil procurar num papelzinho."
Léa Fagundes, coordenadora do
Laboratório de Experiências Cognitivas da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), é uma das pioneiras na pesquisa sobre a aplicação
da tecnologia na Educação no Brasil. Há mais de 20 anos, ela desenvolve
projetos na área, como o programa Um Computador por Aluno, que consiste
no uso de um laptop educativo por estudante matriculado em escola
pública, além de seus educadores. Segundo ela, o problema é que os
computadores, a programação deles, os sistemas digitais e suas
possibilidades são pensados pela escola e pelos educadores para melhorar
o ensino e não para melhorar a aprendizagem, ou seja: para conservar,
não para transformar a escola. "Primeiro, tivemos os CAIs (sigla em
inglês para Instrução Apoiada no Computador), depois os softwares
educacionais, a seguir os CD-ROMs, os tutores inteligentes e, a grande
novidade, os objetos de aprendizagem. Mas essas novas tecnologias de
informação e comunicação não trazem problemas para os cidadãos e para a
sociedade? Não estão a requerer mudanças de atitudes, desenvolvimento de
novas competências e a vivência de valores éticos e morais?", questiona
Léa. "Os alunos e professores precisam se apropriar da tecnologia tanto
no que se refere ao uso do computador e da internet como de outras
ferramentas de comunicação e informação", enfatiza.
Apropriações da informática
O
uso de diferentes linguagens de mídia na escola pode ser um caminho
para promover mudanças de atitudes e de metodologias de trabalho. "O
professor se especializar para melhorar sua didática é insuficiente
hoje, pois, como já dizia Paulo Freire, se ele tem uma prática bancária,
autoritária, provavelmente vai usar as novas mídias para reafirmá-la",
diz Ismar de Oliveira Soares, coordenador do Núcleo de Comunicação e
Educação da Universidade de São Paulo (NCE-USP).
Por isso, é
importante que a capacitação dos educadores e gestores para o uso da
mídia se dê em conjunto com a comunidade escolar. Para Ismar, "não é com
base na tecnologia que nasce o aprendizado, mas com uma gestão
participativa do processo".
No ano passado, o MEC deu início a
um curso de formação chamado Mídias na Educação - mais de 15 mil
professores participam da primeira fase. O programa trabalha com as
quatro linguagens - mídias impressa, digital, audiovisual e radiofônica.
Há também um módulo de gestão. O NCE-USP é uma das instituições
parceiras do ministério nesse curso. "O objetivo é fazer os educadores
refletirem sobre como podem usar a tecnologia para ensinar melhor",
explica Ismar.
O especialista dá dicas de como é possível fazer
essa apropriação. Ele cita algumas escolas municipais de São Paulo que
participaram do projeto Educom.radio, desenvolvido pelo NCE-USP entre
2000 e 2004, e fizeram uso do rádio como uma ferramenta de gestão. Para
atrair os pais, em vez de enviar comunicados por escrito, dirigentes e
professores motivaram os alunos a produzir programas de rádio com temas
de interesse da comunidade e a divulgação de eventos e reuniões. "Com
isso, além de os alunos se sentirem parte do processo, os pais passaram a
comparecer aos encontros e a participar mais, pois se empolgavam ao
ouvir o programa feito pelos filhos - que eram levados para casa em fita
cassete. Após essa experiência, as escolas descobriram que muitos pais
eram analfabetos e, por isso, não atendiam ao que era pedido nos
bilhetes", lembra Ismar.
Para motivar a mudança de atitude dos
educadores em relação ao uso da tecnologia, o MEC criou uma nova
plataforma de interação: o Portal do Professor (saiba mais sobre o
projeto no quadro ao lado). "Nós observamos que levar a chamada cultura
da informática para as escolas não é suficiente. O maior trabalho é a
instalação dessa cultura", avalia o secretário de Educação a Distância
do MEC, Carlos Eduardo Bielschowsky.
http://educarparacrescer.abril.com.br/gestao-escolar/importancia-tecnologia-405472.shtml
Lucimar coutinho
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